Não sei como começar, como dizer, bem…vou deixar-me de rodeios e contar um episódio a que assisti.
Estava no Café da Esquina, quando apareceu o Tó Zé, assustadíssimo, vociferando e gesticulando freneticamente porque os pacotes de televisão iam subir de preço. O homem estava em pânico! Até pensei que ele ia pegar no microfone do karaoke lá do café e, em voz alta, convocar uma manifestação contra o governo. Sim, uma manif, estamos em democracia ou não? Não é proibido dizer o que nos preocupa em voz alta, pois não? E quando alguém começa a falar alto, costuma juntar-se gente, não é verdade? Daí eu ter usado a palavra manifestação.
Estive tentado a acalmar o pobre coitado, dizendo que deveria estar errado porque tenho recebido folhetos a publicitar, precisamente, o contrário. Mas ele continuava a queixar-se da vida que tinha, do emprego que não tinha, disto e daquilo.
Acabei por me ir embora, a pensar no quanto a TV pesa na vida do cidadão e como ela se pode tornar numa droga viciante: não se consegue passar sem a tal “caixinha” que nos leva o mundo até casa. Já são poucas as pessoas que têm a velha e simpática tradição de ligar a telefonia, que depois passou a dar pelo nome de rádio, juntar os amigos para ouvirem as notícias, ou então, pegar num jornal e exercitar os dotes de leitor, em vez de estragar os olhos, encher a mente com anúncios, publicidade enganosa, meias verdades ou meias mentiras…enfim, a manipulação dos media. Para não falar na tendinite de tanto zapping.
Tenho um conselho a dar ao Tó Zé: ir aos vários canais de comunicação televisiva e tentar negociar os preços. Se não conseguir, a ele e a todos sugiro que peguem num livro e deixem a imaginação invadir-vos.
Termino com um neologismo(?), ou será um vocábulo do novo acordo ortográfico(?): DESTRESSEM.
Sem comentários:
Enviar um comentário