terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu, um ser vivente…




Colocaram-me no pior sítio onde um banco quer ser colocado: em frente à praia. E digo-vos porquê: sou feito de madeira e ferro, pintado de um branco muito brilhante. Sou também o único nesta praia. Todos vêm ter comigo e… estou cansado! Estou cansado dos risos da Joana, da fúria constante do João, das lágrimas da Maria e do suor do Sr. Manuel. O meu corpo já não aguenta. As minhas pernas estão enferrujadas devido à humidade, o meu corpo está podre e a minha pele está a estalar por culpa do Ricardo que diariamente entorna o seu sumo em cima de mim.
Já só me resta a alegria de ver o mar, sentir o cheiro a maresia e ver as gaivotas que voam tão perto de mim.
Tenho vinte e um anos de existência. Assisti ao crescimento da Ritinha e à morte do Sr. Pedro. Estou exausto. Quero ser substituído por um banco mais novo. Anseio partir porque eu sei o que todos pensam e oiço o que todos dizem, mas ninguém sabe o que penso e ninguém ouve o que eu digo. Vou partir e levar comigo a lembrança de uma vida e a memória fotográfica de todo este grandioso mar. Vou finalmente ser ouvido. Vou finalmente ser feliz.

Mariana Machado 9ºD; nº 18

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