La muñeca, pintura de Fernando Botero
A questão das chamadas "metas de aprendizagem" está na ordem do dia. A ministra Isabel Alçada já anunciou que estas metas serão em breve definidas para o ensino básico e, espera-se, serão também ponderadas para o ensino secundário.
“Temos que definir que aprendizagens são estruturantes [no Ensino Básico] para diminuir a chamada ‘obesidade curricular’”, afirmou à Lusa João Grancho, preside da ANP que promove, esta noite (foi no dia 26 do corrente), em Gaia, um debate sobre ensino e educação (ver aqui).
A questão coloca-se tanto ao nível do currículo quanto no que diz respeito à extensão dos programas por disciplina. Seria interessante comparar os fracos resultados obtidos pelos nossos estudantes quando comparados com os de sistemas de ensino de maior sucesso, não só em termos numéricos mas também no que respeita à quantidade de informação que uns e outros são obrigados a tratar por força dos respectivos programas escolares.
A ambição dos programas actualmente em vigor parece exagerada. À força de tudo querer ensinar corre-se o risco de que os alunos pouco consigam aprender. Por outro lado há um nítido desfazamento entre os métodos utilizados e as competências quotidianas dos nossos estudantes. Continuamos a privilegiar a leitura e interpretação de textos na maioria das disciplinas quando sabemos por experiência própria que os jovens de hoje cada vez lêem menos e com maior dificuldade. A aprendizagem da leitura interpretativa deveria ocupar um lugar de destaque (e não só para os alunos, os professores também precisam de muitas acções de formação a este nível) ou então talvez fosse de ponderar uma inflexão razoável nos métodos de ensino/aprendizagem actualmente em vigor nas nossas salas de aula.
Seja como for, a imagem de "obesidade curricular", independentemente dos métodos de ensino/aprendizagem, é particularmente feliz para definir um dos principais problemas com que nos debatemos quotidianamente nas escolas. Numa época em que as questões alimentares estão na ordem do dia e se tentam promover hábitos de alimentação saudável, seria interessante estender o conceito aos currículos escolares. A manter-se a situação actual poderemos afirmar que o ensino corre sérios riscos de sofrer um Acidente Vascular Cerebral. Dieta precisa-se. Com toda a urgência.
RS
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