domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dieta precisa-se

La muñeca, pintura de Fernando Botero

A questão das chamadas "metas de aprendizagem" está na ordem do dia. A ministra Isabel Alçada já anunciou que estas metas serão em breve definidas para o ensino básico e, espera-se, serão também ponderadas para o ensino secundário.

“Temos que definir que aprendizagens são estruturantes [no Ensino Básico] para diminuir a chamada ‘obesidade curricular’”, afirmou à Lusa João Grancho, preside da ANP que promove, esta noite (foi no dia 26 do corrente), em Gaia, um debate sobre ensino e educação (ver aqui).

A questão coloca-se tanto ao nível do currículo quanto no que diz respeito à extensão dos programas por disciplina. Seria interessante comparar os fracos resultados obtidos pelos nossos estudantes quando comparados com os de sistemas de ensino de maior sucesso, não só em termos numéricos mas também no que respeita à quantidade de informação que uns e outros são obrigados a tratar por força dos respectivos programas escolares.

A ambição dos programas actualmente em vigor parece exagerada. À força de tudo querer ensinar corre-se o risco de que os alunos pouco consigam aprender. Por outro lado há um nítido desfazamento entre os métodos utilizados e as competências quotidianas dos nossos estudantes. Continuamos a privilegiar a leitura e interpretação de textos na maioria das disciplinas quando sabemos por experiência própria que os jovens de hoje cada vez lêem menos e com maior dificuldade. A aprendizagem da leitura interpretativa deveria ocupar um lugar de destaque (e não só para os alunos, os professores também precisam de muitas acções de formação a este nível) ou então talvez fosse de ponderar uma inflexão razoável nos métodos de ensino/aprendizagem actualmente em vigor nas nossas salas de aula.

Seja como for, a imagem de "obesidade curricular", independentemente dos métodos de ensino/aprendizagem, é particularmente feliz para definir um dos principais problemas com que nos debatemos quotidianamente nas escolas. Numa época em que as questões alimentares estão na ordem do dia e se tentam promover hábitos de alimentação saudável, seria interessante estender o conceito aos currículos escolares. A manter-se a situação actual poderemos afirmar que o ensino corre sérios riscos de sofrer um Acidente Vascular Cerebral. Dieta precisa-se. Com toda a urgência.
RS

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Recolha de Pensos Rápidos Coloridos




Um grupo de alunos do 12ºA está a realizar na nossa escola, durante a semana de 22 a 26 de Fevereiro, uma recolha de pensos rápidos coloridos para serem entregues à Casa Acreditar, uma instituição que ajuda crianças com cancro e as suas famílias.
O grupo vem por este meio pedir a todos os membros da comunidade escolar que contribuam para esta causa, doando caixas destes pensos ou, se preferirem, dinheiro, para que se possam comprar depois. As ofertas realizadas pelos alunos devem ser entregues ao seu DT, que as colocará numa caixa existente na sala dos professores para esse efeito. Os professores e restantes funcionários devem também utilizar esta caixa.
Vamos fazer desta causa uma causa de todos!
informação enviada por Diogo Silva

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Portugal e a jurisdição marítima

“Portugal voltou a desbravar o mar. Tornou-se o primeiro país a ter jurisdição sobre uma área para lá das 200 milhas náuticas, onde o mar é de todos”. (Público, Junho de 2007). Rainbow é o nome do novo pedaço de Portugal. Situa-se a 40 milhas do limite da zona económica exclusiva (ZEE) dos Açores. A ideia de proteger a riqueza biológica deste campo hidrotermal foi o início de uma nova história de conquista.




No novo pedacinho de Portugal, para os lados dos Açores, existem fontes de água quente, a 2300 metros de profundidade, onde a luz do sol nunca chega.





Qual a importância de um mundo como este para o país?

As fontes hidrotermais são oásis de vida marinha, em que as formas de vida são extremófilas - adaptaram-se a condições extremas, como temperaturas elevadas e um ambiente tóxico, com enxofre, metais pesados, dióxido de carbono ou metano em excesso.
Na base destas cadeias alimentares, estão organismos que não dependem da luz solar (não são fotossínteticos), mas da síntese que diversas espécies de bactérias fazem a partir de elementos químicos oriundos das fontes hidrotermais, para obterem os Adicionar imagemnutrientes de que precisam (quimiossíntese).

Ora na biotecnologia, as fontes hidrotermais do mar profundo são vistas como um mundo admirável, de onde podem sair produtos industriais ou farmacêuticos surpreendentes.
Porquê?

Na sua adaptação a condições hostis e muito específicas, estas bactérias terão desenvolvido moléculas de grande interesse para a Medicina e a indústria.

Algumas etapas históricas

A 10 de Dezembro de 1982, em Montego Bay, Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) com o objectivo de criar um regime jurídico relativo ao mar.Esta Convenção introduziu ainda alterações aos critérios até então em vigor na delimitação e jurisdição sobre a plataforma continental de cada um dos Estados costeiros, consagrando a possibilidade da sua extensão para além das 200 milhas.
Ao abrigo desta Convenção criou-se uma estrutura de missão denominada "Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental", com o objectivo de investigar e apresentar uma proposta de delimitação da plataforma continental de Portugal, para além dos limites actuais das 200 milhas náuticas.
Um dos objectivos daquela estrutura é o de "Conhecer as características geológicas e hidrográficas do fundo submarino ao largo de modo a poder vir a fundamentar a pretensão de Portugal em alargar os limites da sua plataforma continental para além das 200 milhas náuticas, em conformidade com o estipulado no artigo 76.º CNUDM) (…);"
Os projectos da Extensão da Plataforma Continental apresentam dados hidrográficos, geológicos e geofísicos, que revelam a quantidade extraordinária de recursos que se encontram imersos e que permitem reclamar a aquisição de novos territórios imersos.
No dia 11 de Maio de 2009, Portugal depositou na sede das Nações Unidas, a sua proposta de extensão da plataforma continental de mais de 2 milhões de metros quadrados, além das 200 milhas da ZEE.
Na plataforma continental alargada os países apenas terão jurisdição sobre os recursos do solo e subsolo, como petróleo, gás, metais ou recursos biológicos e genéticos, ficando de fora a exploração de recursos na coluna de água.
A deliberação sobre a proposta portuguesa deverá ser conhecida no final de 2011.

Emiltina Matos

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Manufacturas







Está patente ao público, no Bloco 1 da Escola Secundária Anselmo de Andrade, uma exposição de trabalhos realizados pelos elementos do 12º D no âmbito da disciplina de Desenho A. O título genérico da mostra é "Manufacturados".

O principal objectivo daqueles trabalhos é o exercício de materiais actuantes que poderão vir a "saír" no teste de exame e a aquisição de conhecimentos práticos sobre os seus comportamentos. Lápis de cor, tinta-da-china, grafites, aguarelas, guache, pastéis de óleo e de giz, marcadores, colagens, a diversidade é grande.

Toda a comunidade educativa está convidada a passear os olhos pelas paredes do patamar junto à Biblioteca.

A exposição será desmontada na próxima 6ª feira, dia 26 de Fevereiro.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A propósito do Carnaval

clica na imagem para poderes ver as personagens com algum pormenor


Estas férias têm sido cinzentas e geladas. As condições metereológicas convidam a ficar em casa com o aquecimento ligado. Caso se saia à rua o melhor é ir bem agasalhado. No Norte tem nevado abundantemente e, mesmo aqui, em Almada, não seria de espantar se caíssem um flocozitos de neve, como quem não quer a coisa.

Os festejos carnavalescos têm sofrido com este estado do tempo. É que, nos últimos anos, temos assistido a uma crescente influência do Carnaval brasileiro por esse Portugal acima e abaixo. Vai daí tornou-se moda incluir escolas de samba nos desfiles mais badalados. Como toda a gente sabe, samba convida a pouca roupa no corpo e muita alegria nos pés. Coisa de clima tropical que, como é bom de ver, não se compadece com a massa de ar polar que anda a pairar aqui por estas bandas. É o que dá querer forçar a Natureza.

O Carnaval brasileiro é uma adaptação da festa do Entrudo que se pratica desde os tempos medievais e está directamente relacionado com a Quaresma. A Quaresma é um período de tempo que faz parte do calendário religioso cristão e exige dos crentes uma profunda reflexão acompanhada da prática de jejum como modo de preparação para a celebração da Páscoa. É por esta razão que o Entrudo é um período de folguedo e desvario completo, três dias de excessos variados durante os quais as pessoas fazem coisas pouco usuais.

A imagem que ilustra este post é uma pintura de Pieter Bruegel, o Velho, intitulada "Batalha entre o Carnaval e a Quaresma" que pode servir para mostrar de forma caricatural o contraste entre os excessos do Entrudo (vindo do lado esquerdo) e a contenção da Quaresma (avançando da nossa direita).

Resumindo e concluindo; o Entrudo não precisa que o sol brilhe, nem isso é normal em pleno mês de Fevereiro que, na Europa, significa Inverno rigoroso, já o Carnaval brasileiro decorre em pleno Verão e celebra de forma esfuziante a alegria de viver num país tropical.

Seja como for, vale pelos três diazinhos de férias. Bom Carnaval!
RS

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Estatutos


No meio do tsunami legislativo provocado pela anterior equipa do Ministério da Educação saíu-nos em sorte o actual Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior . É opinião corrente que o referido estatuto causa mais problemas do que aqueles que resolve e os novos responsáveis pela educação já manifestaram publicamente a intenção de o alterar.

Na verdade, o que a ministra Isabel Alçada tem estado a fazer desde que tomou posse (e irá continuar a fazer durante muito tempo) é tentar endireitar as coisas que nasceram tortas pela mão de Maria de Lurdes Rodrigues o que, mesmo segundo a sabedoria popular, é extraordinariamente complicado.

Desde o famigerado processo de avaliação de desempenho dos professores à reorganização curricular do 3º ciclo, passando pelo estatuto da carreira docente e do aluno, muito tem que que trabalhar a nova equipa ministerial para tentar minorar os efeitos negativos da herança recebida. Maria de Lurdes Rodrigues parecia ter o toque de Midas, mas ao contrário.

Até aqui foi feito um diagnóstico correcto das maleitas que estão a asfixiar o sistema educativo. Falta saber se o tratamento de choque necessário resultará eficazmente.

Para já as alterações ao estatuto do aluno estão a ser moeda de troca nas negociações do ministério com os sindicatos. Os sindicatos reclamam novas regras na organização dos horários de trabalho dos professores, o ministério responde com a proposta de algumas alterações no estatuto do aluno, eliminando a obrigatoriedade da realização de provas de recuperação e ainda a simplificação de procedimentos ligados a processos disciplinares, como forma de aliviar o trabalho docente.

Não parece grande ideia estar a utilizar estas alterações como argumento no debate negocial em curso mas em tempo guerra não se limpam armas. Segundo o secretário-geral da Fenprof, o Ministério da Educação invocou motivos de “ordem financeira, social e política” para não aceitar as alterações propostas pelos sindicatos jogando, por isso, a cartada das alterações ao estatuto do aluno.

Note-se que, apesar das declarações da ministra e do secretário de estado, ainda não se sabe como irá funcionar esta história das faltas nem o que vai ser das provas de recuperação. Se repararmos bem os professores titulares ainda não "acabaram" e o modelo de avaliação do desempenho dos professores em vigor continua a ser o mesmo. Resumindo e concluindo; temos ouvido algumas declarações de intenções mas até agora e na verdade continua tudo na mesma! Falta legislar e passar ao papel, de preferência assinado.
RS

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

2010 Ano Internacional da Biodiversidade



A biodiversidade é a variedade de seres vivos no planeta Terra e inclui ainda as funções ecológicas que eles desempenham nos ecossistemas.
Por este motivo, o desaparecimento de um grupo de seres vivos tem consequências globais e que não se restringem aos aspectos alimentares.
Einstein afirmou que “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a Humanidade não terá mais de quatro anos de vida”.
· Exagero?
Há que atender a que cada ser vivo ocupa um lugar próprio na natureza, num contexto global.

Durante as suas visitas às flores, as abelhas transferem o pólen de uma para outra, promovendo a polinização cruzada – os grãos de pólen caem e atingem o estigma, o elemento feminino da flor, provocando a sua fecundação . Ocorre então a troca de genes entre as plantas. Uma boa polinização garante a variabilidade genética dos vegetais.
As células existentes no ovário da flor desenvolvem-se, geram frutos (saborosos!) e sementes que, germinando, fazem nascer novas plantas, garantindo a continuidade da vida vegetal. As abelhas são ainda responsáveis pelo fornecimento de cera, geleia real, mel, pólen, própolis e seu veneno, produtos amplamente aproveitados como alimento natural ou com finalidades medicinais preventivas e curativas.Os EUA são a segunda potência da apicultura, a seguir à China e a extinção deste insecto iria mexer com o sistema económico a nível global. A própria secretária da Agricultura norte-americana lembrou que "sem abelhas deixa de existir Coca-Cola".
Um estudo publicado na revista Biology Letters sugere que as abelhas que se alimentam de pólen de várias espécies de plantas apresentam um sistema imunitário mais forte do que as que se alimentam apenas de uma espécie. A diversidade de recursos influencia directamente a saúde destes insectos.
Os investigadores do Instituto Nacional de Investigação em Agricultura francês fizeram uma experiência alimentando algumas colónias de abelhas com pólen proveniente de uma única espécie de planta e outras com pólen de cinco espécies de plantas diferentes.
Os cientistas concluiram que as abelhas com a “dieta variada” produziam maiores quantidades de uma hormona que protege as colmeias contra doenças e fabricavam também mais gordura - onde são produzidos os químicos anti-microbianos - o que sugere que possuem um sistema imunológico mais forte.
Desde 2006 que as populações de abelhas em diversas regiões têm vindo a ser afectadas por uma doença que causa o colapso de colónias inteiras e cuja origem ainda não foi apurada de forma definitiva. As possíveis causas incluem as alterações climáticas, os pesticidas, bem como vários agentes patogénicos.
Podemos ainda socorrer-nos de outro exemplo. Apesar das fobias que por vezes se lhes associam, se as aranhas desaparecessem na totalidade ou em parte, o número de insectos aumentaria significativamente.
Consequências?
· pragas e devastação de campos de cultivo;
· acabando com o sustento de várias famílias;
· multiplicar-se-iam doenças;
· ficávamos sem meios para travar a maior parte dos vírus que daí adviessem.
Porquê?
É que os insectos são os maiores transmissores/vectores de patologias!



Hoje e amanhã é lançado o Ano Internacional da Biodiversidade que é a celebração da vida na Terra e do valor da biodiversidade nas nossas vidas.
http://www.cbd.int/2010/welcome/
Urge conhecer, valorizar, conservar o que de tão especial o planeta Terra oferece: a Vida, nas suas múltiplas formas!



http://www.cbd.int/2010/welcome/
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38919&op=all
http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=14257&bl=1
Emiltina Matos

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sessão com o poeta Américo Morgado




No dia 1 de Fevereiro, recebemos, na Biblioteca, com muito agrado o poeta Américo Morgado.
A sessão, dirigida aos alunos do 10º E, iniciou-se com a leitura dos seguintes versos (produzidos pelos alunos):

Poeta é aquele que nos transporta
para um mundo longínquo…
e nos faz sonhar e voar.

Este foi o ponto de partida para uma conversa sobre o que é a poesia, de que modo surgem as ideias, os temas, se esta reflecte (ou não) o real, como se trabalha a palavra, etc.
Brevemente teremos o prazer de receber de novo o poeta Américo Morgado para nova sessão com alunos de 10º ano.
Informação enviada pela Professora Gabriela Machado

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Adormecido



E em dias escuros, com as nuvens escondendo a luz do sol, dou por mim sem saber o que vejo, o que oiço, sinto ou penso. Sou um poeta das sensações e das emoções sentidas, guardadas no inconsciente, libertas num momento, numa visão, numa frase. As palavras e a forma vêm-me à cabeça e, tão cedo quanto possível, pinto-as com letras pegada seguidas de espaços que antecedem mais letras pegadas, seguindo-se assim este percurso até a última gota escorrer da minha mente para a mão e daí pingar na ponta da caneta que os meus dedos seguram.
É de dia e estou preso numa jaula de quatro paredes, um tecto e um chão. Chão e tecto a condizerem de branco e as paredes todas elas de meio branco, meio amarelo-pálido. Não se vê o sol brilhar lá fora pelas janelas que aos pares ocupam praticamente toda uma parede do lado oposto à porta da jaula. Outras criaturas e seres estão como eu, sossegadamente sentados, presos em consciência, nas cadeiras com as mãos suadas e as mesas molhadas. Presos nesta jaula e não são só criaturas que a enchem, mas também mentes criativas, mentes sábias, diferentes imitações uns dos outros, faladores, calados, cegos e falsos sábios.
E em dias em que lá fora, na jaula maior que sem grades está cheia de seres ainda mais diversos, o tempo está cinzento e das nuvens lá em cima caem as lágrimas de todas as entidades celestiais, minha pessoa adormece. Sei que olho, mas não sei o que vejo nem o que fito – se é que fito; sei que oiço, mas não sei o quão alto nem o que escuto – que na verdade não escuto; sei que penso, mas desconheço o quê, porquê e só sei hoje que penso porque escrevo – se é que escrevo de verdade a pensar. Dizem-me que não reajo a nada; dizem que não respondo ao meu nome nem que estou com atenção ao que quer que possa estar a passar-se. Para estas palavras ditas, tudo o que posso responder dizendo, é: «pois». Mas respondendo pela escrita ao que dizem, falando, direi: «tudo parece, assim de repente, um sonho do qual não me consigo lembrar do que se trata mas sei que sonhei com o corpo acordado enquanto a mente dorme».
E tal como, quando o meu corpo dorme, também quando só a mente o faz, descanso eu; procuro refúgio no dessassossego da confusão que é estar acordado no meu corpo e na minha história. Na sobrevivência que cada semana e mês e ano se revelam ser, num só instante, num momento em que não sei o que sou, quem sou, se sou, onde estou, se estou, porque estou; não há passado, presente ou futuro, não há nada a não ser o nada que vejo nos meus olhos, oiço na minha cabeça, sinto nas minhas mãos. É como o vento.
O verdadeiro sonho não é aquele que nós dizemos em voz alta ter para quando formos “independentes”. O verdadeiro sonho é o que se tem quando se dorme e não temos consciência que o tivemos, pois esse é o sonho que não dói, se não acontecer e que nos alegra quando acontece, porque apesar de não parecer estar lá o sonho, na verdade ele o está. Tal como eu também estou, mesmo quando pareço não estar.




Fernando Tomáz

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Outro concurso!

O JA'' recebeu mais uma notícia relacionada com um concurso (tantos concursos!) . Trata-se do
Concurso dos 0 aos 100 - Histórias de Cientistas de 1 de Fevereiro a 30 de Abril. Clica aqui para teres acesso ao regulamento e aqui para encontrares os formulários de inscrição. A informação foi-nos enviada por e-mail pela professora Emiltina Matos a quem agradecemos esta e todas as outras preciosas colaborações com o JA''.

A Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (CNCCR) e o jornal Ciência Hoje (CH), decidiram lançar um concurso designado por “Dos 0 aos 100 – Histórias de Cientistas”, numa iniciativa conjunta que tem em vista a divulgação da história e património científico da República, recordando acontecimentos, realizações alcançadas em diversos campos científicos e, mais concretamente, evocando os seus protagonistas.
Esta iniciativa pretende dar a conhecer e valorizar a história da ciência e da tecnologia e assim fomentar uma cultura científica de base histórica, entendida como instrumento de progresso político, económico e social.

O desafio, lançado a todas as famílias consiste na elaboração de biografias de cientistas portugueses da República, valorando, nos termos do Regulamento, aqueles cuja actividade foi particularmente relevante durante a I República, incluindo todas as áreas da ciência, sem esquecer as ciências sociais e humanas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu, um ser vivente…




Colocaram-me no pior sítio onde um banco quer ser colocado: em frente à praia. E digo-vos porquê: sou feito de madeira e ferro, pintado de um branco muito brilhante. Sou também o único nesta praia. Todos vêm ter comigo e… estou cansado! Estou cansado dos risos da Joana, da fúria constante do João, das lágrimas da Maria e do suor do Sr. Manuel. O meu corpo já não aguenta. As minhas pernas estão enferrujadas devido à humidade, o meu corpo está podre e a minha pele está a estalar por culpa do Ricardo que diariamente entorna o seu sumo em cima de mim.
Já só me resta a alegria de ver o mar, sentir o cheiro a maresia e ver as gaivotas que voam tão perto de mim.
Tenho vinte e um anos de existência. Assisti ao crescimento da Ritinha e à morte do Sr. Pedro. Estou exausto. Quero ser substituído por um banco mais novo. Anseio partir porque eu sei o que todos pensam e oiço o que todos dizem, mas ninguém sabe o que penso e ninguém ouve o que eu digo. Vou partir e levar comigo a lembrança de uma vida e a memória fotográfica de todo este grandioso mar. Vou finalmente ser ouvido. Vou finalmente ser feliz.

Mariana Machado 9ºD; nº 18