terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sem título




Sem margem de dúvida que não há maior motivação para se ter uma atitude de bom samaritano do que aquele brilho de glória e santificação que sentimos abater-se sobre as nossas cabeças quando cometemos tais actos. Há quem diga até que se sentiu na obrigação de dar a esmola ao desgraçado que entrou no metro, perseguir alguém que acabou de roubar uma carteira ou até mesmo de ajudar aquela velhinha a atravessar a rua como se tratasse da nossa própria avó. Mas a verdade é que não se trata de uma obrigação mas sim uma necessidade, faz-nos bem ao ego, o nosso amor-próprio rebenta com as escalas após o som dos trocos a tilintar na cafeteira de alumínio usada do mendigo e embora achemos “piroso”, agradecemos sempre com um sorriso o “bem-haja” e “Deus lhe pague” que a velhinha larga ao chegar em segurança ao passeio do outro lado da rua.
Não é que sejamos uns “porcos egoístas” com a ideia absurda de que tudo gira em torno do nosso rabo encaracolado, mas o que julgamos ser a origem destes actos solidários pode não ser bem a realidade.



M. Maria Queirós da Silva (pseudónimo)

1 comentário:

Silvares disse...

Quem fala assim não é gago!