Entre todas as personagens que povoam o nosso imaginário colectivo há uma que, pela sua estranheza, sempre me deixou intrigado. Falo do coelhinho da Páscoa. A estranheza vem da relação entre o coelho e os ovos que, segundo uma tradição pouco clara, ele deixa por aí, à espera de quem os recolha. De onde vem esta relação anti-natura?
Procurando no Google (esse oráculo extraordinário) encontram-se referências não muito claras quanto à origem de tão estranha personagem.
A que parece mais lógica, ainda assim, é a de uma lenda que conta a história de uma mulher muito pobre, que não tinha presentes para oferecer aos filhos no domingo de Páscoa. A mulher cozinhou alguns ovos de galinha que depois pintou. Dotada de grande imaginação, teve a ideia de colocar os ovos dentro de um ninho que escondeu no quintal, entre as ervas. Quando as crianças encontraram os ovos, um coelho apareceu por perto e fugiu; as crianças acreditaram que o coelho havia posto aqueles ovos coloridos. Assim terá surgido esta crença que depois se propagou até aos nossos dias. Hoje os ovos são de chocolate e fazem parte de uma tradição comercial que a maioria das pessoas respeita quase religiosamente.
Podia ter aparecido às crianças um cão ou um gato, qualquer coisa assim, e hoje teríamos outro tipo de bicharoco a dar este toque surreal ao nosso imaginário infantil. A credulidade humana não tem limites e alguns adultos terão estado na origem de crenças bem mais bizarras do que esta mas que, com o tempo, se transformaram em factos reais. Faz parte da nossa condição.
Seja como for, o coelhinho da Páscoa, é uma daquelas figuras abstrusas que povoam o nosso universo consumista e que aceitamos com alguma indiferença, sem questionar a sua origem, tal como fazemos com o Pai Natal vermelhusco ou os monstrecos do Halloween.
O JA'' deseja boas férias a todos os leitores e muitos ovinhos de chocolate e amêndoas e essas coisas todas.
RS
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