terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Prémio Nobel da Medicina 2009




No passado dia 5 de Outubro foi atribuído a três investigadores norte-americanos o Nobel da Medicina pelo o seu trabalho desenvolvido na área da protecção dos cromossomas, envolvendo os telómeros. Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak partilharam a honra e orgulho ao receber o galardão.
"Este ano, o prémio Nobel da Medicina foi atribuído aos três cientistas que descobriram a solução para um grande problema da biologia: como os cromossomas podem ser inteiramente copiados durante a divisão celular e como eles se protegem contra a degradação" foram estas as palavras da academia ao premiar os investigadores.
Os telómeros são estruturas constituídas por fileiras repetitivas de proteínas e DNA não codificante que formam as extremidades dos cromossomas. A sua principal função é manter a estabilidade estrutural do cromossoma. Os telómeros estão presentes principalmente em células eucarióticas,isto é, com núcleo individualizado.
Cada vez que acontece a divisão celular os telómeros encurtam, e visto que não se regeneram, atinge-se um ponto em que deixa de ser possível a replicação dos cromossomas (conhecido por limite de Hayflick, em honra do investigador que fez a descoberta) e a célula perde o poder de se dividir, portanto morre sem haver uma nova célula para a substituir. O comprimento dos telómeros irá também influenciar o número de vezes que a célula se pode dividir. Daí chamar-se aos telómeros relógios biológicos, pois são capazes de dizer a expectativa de vida de um ser humano pelo seu comprimento.
A telomerase é uma enzima que adiciona sequências repetidas de DNA aos telómeros, impedindo assim a degradação dos cromossomas.
Esta reparação é necessária devido ao chamado “end replication problem”. O fenómeno referido ocorre durante a replicação do DNA. As enzimas responsáveis pela replicação semi-conservativa apenas sintetizam DNA adicionando nucleótidos na direcção 5’→3’.A replicação do DNA ocorre devido a DNApolimerases e a RNA iniciadores. Nos cromossomas uma das cadeias é completamente copiada, enquanto outra não é totalmente copiada até ao fim. Uma pequena região da extremidade 3’ dessa cadeia é perdida.
A telomerase corrige essa perda. Esta enzima é uma transcriptase reversa, uma vez que sintetiza DNA por complementaridade em relação a uma cadeia de RNA que possui. Assim a telomerase é constituída por uma proteína (a TERT) e por uma molécula de RNA (chamada TERC).
Este complexo ribonucleoproteico adiciona a sequência TTAGGG repetidamente à ponta 3’ da cadeia. O TERC apresenta a sequência CAAUCCCAAUC. Assim a telomerase “encontra” a zona correcta do cromossoma utilizando o TERC e sintetiza DNA a partir desse molde. Desta forma os segmentos de material genético perdidos durante a mitose são substituídos.
Mas a telomerase não se encontra em concentrações idênticas em todas as células do corpo. A quantidade de telomerase é maior nas células sexuais, nos glóbulos brancos do sistema imunitário, nas células estaminais e nas células cancerígenas. As restantes células somáticas apresentam concentrações baixas dessa enzima.
Já sabemos que o comprimento dos telómeros influencia o número de vezes que as células se podem dividir. Se a telomerase impede o encurtamento dos telómeros, então as células onde esta está presente em quantidades consideráveis irão dividir-se quase ilimitadamente. Por outro lado as células com menos concentrações de telomerase irão eventualmente entrar em senescência, pois os telómeros dos cromossomas presentes no seu núcleo foram encurtados ao ponto de atingirem o limite de Hayflick.
Os investigadores galardoados abriram caminho para a cura de doenças fatais utilizando esta enzima. Esta investigação pode pôr um fim a doenças como o cancro no presente e no futuro até pode “rejuvenescer o nosso corpo”. Como é que isto é possível? Estudos clínicos confirmam que 90% dos tumores expressam telomerase, o que torna o diagnóstico muito mais fácil. Além disso já há avanços científicos que consistem em vacinas que inibem a acção da telomerase que, eventualmente, pode inibir a proliferação de células tumorais.
Quanto ao “rejuvenescer” o corpo, se os telómeros não ficam mais curtos, então as células não entram em senescência, aumentando a esperança de vida. Mas pensa-se que em troca de uma maior longevidade o preço a pagar será uma elevada probabilidade de ter cancro. Por isso ainda terá de ser feita muita pesquisa em relação a esta aplicação da telomerase.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Telomerase
http://en.wikipedia.org/wiki/Telomerase
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=35611&op=all
http://www.medicinageriatrica.com.br/2006/12/28/saude-geriatria/teorias-do-envelhecimento-celular/
http://en.wikipedia.org/wiki/Telomere
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/2009/


Ana Sofia
Ana Teresa

11º B

1 comentário:

Anónimo disse...
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