A notícia é discreta; "Chove em escola com obras da Parque Escolar" (ler aqui,aqui e aqui). Os factos relatados estão relacionados com as obras realizadas na Escola Secundária de Gil Vicente em Lisboa no âmbito do programa de modernização de escolas do ensino secundário promovido pelo governo e supervisionado pela Concursos Públicos, Parque Escolar E.P.E., empresa responsável pela concretização do referido programa.
Apesar de ainda não estarem terminadas todas as obras de modernização nesta escola (iniciadas em Julho de 2008) a parte considerada concluída foi posta à disposição da comunidade educativa. Após 15 dias de utilização dos equipamentos "beneficiados" a avaliação feita pelos utentes não podia ser mais negativa.
Num parecer assinado pelos titulares dos principais órgãos de gestão da escola pode ler-se: "Com 15 dias de aulas, entra água em muitos pontos, abateu um tecto, as paredes estão já muito deterioradas, os pisos já destruídos, com portas e armários empenados". Os motivos para uma avaliação negativa da intervenção patrocinada pela Parque Escolar não se ficam por aqui mas, no essencial, servem de alerta para todas as escolas que, como a Secundária Anselmo de Andrade, aguardam o início deste tipo de obras nas suas instalações.
A anterior intervenção de que fomos "vítimas" nesta escola, concluída em 2007, mostra como os prejuízos de uma obra desleixada e mal dimensionada podem sobrepor-se aos benifícios esperados. Será do nosso interesse reflectir sobre a melhor forma de evitar que o Fado dos Desgraçadinhos volte a ser a música que nos vão cantar quando nos confrontarmos com as referidas obras de modernização que se anunciam para breve.
O maior problema do nosso regime democrático é a ineficácia das estruturas de supervisão e acompanhamento do funcionamento das instituições públicas. A culpa morre sempre solteira e ninguém assume os erros, por mais grosseiros e evidentes que eles sejam. Isto faz com que haja prejuízos impensáveis que se perpetuam e repetem em situações onde se poderiam perfeitamente evitar caso os responsáveis fossem chamados a responder pelas enormidades que se cometem perante a sua indiferença. Os casos de corrupção e má gestão da "coisa pública" são públicos e notórios, não vale a pena voltar a enumerá-los.
Atenção Anselmo, muita atenção. Em breve chegará a nossa vez. Temos de estar preparados para enfrentar o desafio de garantir que vamos habitar uma escola melhor e não ver desfazer-se esse sonho perante os nossos olhos, como está a acontecer com os nossos colegas da Escola Secundária de Gil Vicente.
Rui Silvares
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