Neste ensaio será abordado o problema de saber se os jovens devem ou não interessar-se pela política. A posição que defendo é a de que estes devem interessar-se.
Dado que vivemos em regime democrático e que os jovens pouco se interessam pela política, é necessário avaliar se de facto os jovens devem interessar-se pela política e em que medida devem fazê-lo. Os jovens são, como a restante população, uma parte integrante da construção da nossa democracia e devem, por isso, ser alvo da devida atenção.
Poderemos ver este problema de dois modos, no geral. O primeiro, a posição defendida, é a de que os jovens devem interessar-se pela política porque estes têm o dever civil de participar nela e porque daí podem retirar imensas vantagens para si e para a comunidade. A segunda, contrária, é a de que os jovens não devem interessar-se pela política por esta ser maçadora, difícil de entender, pouco credível e envolver uma maturidade de que os jovens não dispõem.
Defendo que os jovens devem interessar-se pela política, porque estes, enquanto cidadãos, têm o dever de fazer o seu contributo para a consolidação da democracia, pela prestação do seu voto e opinião. Dado que os jovens, assim como todas as restantes pessoas, querem ver satisfeito o seu desejo por uma sociedade justa e equitativa, devem fazer a sua parte e participar, civicamente, na política. Para além do interesse e participação na política ser um dever cívico e uma das poucas formas de contribuir para a construção de uma sociedade melhor numa democracia como a nossa, estes podem também conduzir à obtenção de diversas competências, tais como a liderança, a solidariedade, a iniciativa, a responsabilidade ou a tolerância, vitais para a edificação do jovem enquanto indivíduo.
Como objecção, poder-se-ia dizer que os jovens não são “cidadãos” na mesma medida que a população mais velha, não tendo, por exemplo, o direito de voto. No entanto, os jovens possuem a racionalidade e o desejo suficientes para contribuírem para a política e podem ainda julgar e avaliar como a restante população., dando os seus pareceres.
A tese oposta à defendida sustenta que os jovens não devem interessar-se pela política. A política é um campo enfadonho, pouco compreensível e excessivamente formalizado para que os jovens possam interessar-se por ela. Também a falta de confiança no sistema político e a imagem denegrida dos políticos exerce o seu contributo ao desinteresse pela política. A isto tudo soma-se que os jovens não possuem maturidade suficiente para avaliarem criticamente a política e o que a ela está subjacente. Respondendo a esta posição, digo que, apesar da política não ser sempre interessante e lhe faltar o carácter apelativo, e que esta pode de facto ser de difícil compreensão, estes problemas são contornáveis e não dificilmente superáveis, dando aos jovens as ferramentas necessária para uma compreensão plena da esfera política. Quanto à falta de confiança na política, os jovens teriam certamente mais confiança nela se tomassem parte na sua construção, pelo que este é outro problema transponível que não injustifica o interesse. Já quanto à imaturidade juvenil, afirmo ser falsa a afirmação de que os jovens são “demasiado novos” para a política, pois estes possuem a capacidade de avaliação crítica necessária para formular uma opinião e fazer escolhas relativamente à política.
Em síntese, o problema do interesse dos jovens pela política merece a nossa atenção e defendo que os jovens se devem interessar por ela, pois é seu dever cívico, enquanto cidadãos, e proporciona variadíssimos benefícios para o enriquecimento das suas capacidades.
Nota: para enquadramento e reflexão da problemática foi pesquisado o documento “Os Jovens e a Política” do CESOP de Janeiro de 2008, UCP, a que se seguiu debate-turma em formato de Parlamento dos Jovens.
André Carvalho, 11º A Outubro de 2010