Comemorou-se ontem mais um aniversário sobre a revolução de 25 de Abril de 1974 que transformou radicalmente Portugal. O nosso país era a preto e branco, passou a ser a cores. Nestes 34 anos muitas coisas mudaram e as histórias que se contam sobre o Portugal do "Tempo da Outra Senhora" parecem agora contos da Carochinha, coisas que tantas vezes provocam bocejos e enfado entre o pessoalzinho. A miséria generalizada, o analfabetismo global, a repressão exercida sobra a liberdade de expressão e de pensamento, a guerra colonial, tudo isto parece tão distante... impossível mesmo!
Num mundo como aquele de que Portugal faz agora parte, integrado na União Europeia, com índices de consumo razoáveis, bué telemóveis e um estado democrático cujas instituições funcionam com aparente normalidade, o país salazarento parece algo impossível, uma novela de mau gosto e pior qualidade. Mas foi uma triste realidade. Salazar foi um cancro do qual recuperámos, mas ainda não somos um país totalmente saudável porque a maleita enraizou-se com muita profundidade. Fazer de Portugal uma nação onde seja bom viver, onde os cidadãos sintam vontade de crescer, é um trabalho que compete a todos.
Vocês (nós), alunos e professores da Anselmo, não estão (não estamos) dispensados do esforço que é necessário produzir para recuperar o atraso que ainda vai roendo as nossas instituições e o nosso modo de encarar a construção de uma sociedade plenamente democrática. Vocês, nós todos, temos de ser parte da solução e não parte do problema.
Ir à Praça São João Baptista ouvir um concerto e assistir a um espectacular fogo-de-artifício, ver um bando de cotas a atirar cravos vermelhos para a multidão e cantar a Grândola Vila Morena é uma tradição da nossa cidade. Almada vive como poucas a efeméride do 25 de Abril. Sabes porquê? Há muito para descobrir nesta data que ganhou a designação de Dia da Liberdade.
Pois é, essa tal Liberdade é a maior das heranças que nos deixaram e olha que não é nada para desprezar. Por muita más que sejam as condições de vida, por muito esquecidas que andem as principais questões de cidadania entre os cidadãos, a Liberdade de expressão ninguém nos tira e esse é um bem que não tem preço. Podes comprar um telemóvel de última geração e um i-pod à maneira.Não podes comprar a Liberdade. Precisas é de compreendê-la e aprender a vivê-la.
O 25 de Abril foi ontem mas pode ser amanhã outra vez. Não sei se 'tás a ver...
RS
sábado, 26 de abril de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
O 25 de Abril foi ontem, mas a larga maioria de quem "vive" na Anselmo não viu, não ouviu, não participou... não sabe nem pode saber o que foi o 25 de Abril, porque... não existiam! Mas nós temos a obrigação de manter viva a memória de uma data em que tudo mudou porque um grupo de gente JOVEM, achou que podia mudar um país doente e paralisado.E a partir daí, bem, foi como a manhã da partida para uma esperada visita de estudo que tudo prometia ir ser muito, muito, fixe, sem se saber muito bem porquê! Assim como a partida para a viagem de finalistas, com aquela sensação de que "ninguém nos vai dizer que fazer, nós é que vamos decidir..." Foi nessa madrugada que começou uma aventura inesquecível...
E agora? A nossa liberdade serve para quê? Continuamos a decidir o que fazer ou a participar na decisão? Ou afinal são sempre outros a decidir?
"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo"
Recordar esse dia tão especial "inteiro e limpo" (como escreve Sophia de Mello Breyner Andresen) sempre.
Viver a liberdade conquistada todos os dias.
Cristina Loreiro dos Santos
A nossa Liberdade serve para aprendermos a ser livres. Uma aprendizagem desse calibre faz-se todos os dias. E não tem fim que se adivinhe.
Enviar um comentário