Foi polémica a sua implementação nas escolas, os professores contestaram, os pais aplaudiram, grosso modo. Depois da agitação inicial tornou-se uma rotina que é comentada de vez em quando, mas que é encarada como mais uma fatalidade que aconteceu e, como tal, é vivida como mais um sacrifício no quotidiano dos professores e dos alunos.
Como é tradicional na cultura portuguesa, as situações de facto vão sendo deixadas existir até caírem de podres. Depois da sua prática continuada nestes anos lectivos começa-se a notar um certo mal estar face à ocupação dos tempos de "furo" por ausência de um professor. Os docentes acomodaram-se e tentam levá-las o melhor possível. Os alunos também se acomodaram, mas com mais resistências, cujo limite é a sua recusa, evidente na tentativa de boicote ao professor desconhecido que lhes surge na sala. Agora, já se começa a ouvir pais e encarregados de educação colocando em dúvida a vantagem destas "aulas", a que atribuem algum excesso de energia acumulada pelos alunos, que ajuda à indisciplina nas salas.
Será tempo de reflectir (de avaliar, não é?) sobre esta medida do Ministério e reformular os seus pressupostos, modelos e verificar a sua pertinência actual. No fim de contas, se o princípio da avaliação é correcto, ele deverá ser aplicado em todas as estruturas do sistema, não apenas nalgumas direcções. E, neste caso, existe uma prática de anos que se traduz numa realidade factual e observável, resultante de normas de funcionamento que se aplicaram às situações concretas das escolas. Se é uma época em que a bandeira do rigor deve estar hasteada nos portões dos estabelecimentos de ensino, então a reflexão sobre as políticas educativas deve acompanhar a sua prática e os resultados da sua avaliação devem chegar às instâncias superiores, até às comissões de reforma que redigem as normas e aos gabinetes onde se traçam as políticas.
LM
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