sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PERSPETIVAS SOBRE O CONVENTO DE MAFRA

Quem se depara pela primeira vez com o grande Convento de Mafra fica sem palavras. Eu próprio já me deparei com a sua maravilhosa fachada umas cinco vezes e fiquei sempre com tal reacção. É uma visão magnífica do poder do ser Humano. Muitos Homens ali trabalharam arduamente para conseguir fazer história e acabar a construção daquela “besta arquitectónica” que devora os olhos de quem a contempla.


   O grande trabalho começou no dia 17 de Novembro de 1717 e a construção empregou mais de 52 mil trabalhadores, tendo sido terminada oficialmente em 1750, com a morte do rei. Muitos pormenores só foram acabados nos três reinados seguintes e, quando concluído, este palácio nem foi a casa dos membros da família real, mas o convento abrigou 330 frades.
  O maior tesouro de Mafra é a biblioteca do convento, que possui 88 metros de comprimento, 36 mil livros (dando especial destaque a uma raríssima segunda edição da obra: “Os Lusíadas” de Luís de Camões) e um enorme e valioso pavimento em mármore. Na biblioteca são libertos morcegos que, durante a noite, se alimentam de traças e outros pequenos insectos, que possam eventualmente danificar os históricos exemplares expostos nas prateleiras.

   Outro aspecto bastante importante e interessante do ponto de vista artístico são os seis imponentes órgãos tubulares funcionais presentes na basílica do convento de Mafra. Estes instrumentos musicais de alto valor datam do início do século XIX, tendo sido totalmente reparados em 2010. Também neste convento estão presente os maiores e melhores carrilhões do mundo inteiro, sendo compostos por dois conjuntos que alcançam os 92 sinos e um peso bruto total de 200 toneladas.
  Concluindo, posso afirmar que este é um local de grande carácter histórico e um espaço onde qualquer turista ou cidadão local pode expandir os seus conhecimentos sobre a história da “ocidental praia lusitana”, ou simplesmente maravilhar-se com uma das sete maravilhas de Portugal.

Carlos David Esperança,12º A,  nº5 


 “O Convento de Mafra e a falta de originalidade portuguesa”
   O Convento de Mafra é, sem dúvida, representativo de um importante momento histórico de Portugal, o reinado de D. João V. Este rei absolutista mandou erguer o palácio-convento, pois prometera fazê-lo caso a rainha lhe “desse” descendência. No entanto, acabou por simplesmente plagiar o Palácio de Versalhes, no que toca à parte de palácio, nomeadamente no aspeto exterior e na magnificência, até porque o referido monarca admirava bastante Luís XIV; e copiar a basílica de S. Pedro, em Roma, com a igreja que se construiu no interior do Convento. É caso para dizer: “Pobre Convento de Mafra!”.
  Mais curioso ou até desapontante (e atual) é o facto de verificarmos constantemente esta falta de originalidade portuguesa. Viajemos no tempo! Mais tarde, já no século XIX, Eça de Queirós trata esta questão n’Os Maias’, ou mais concretamente no Episódio da Corrida de Cavalos. A própria ponte que liga Almada a Lisboa, denominada de ‘Ponte 25 de Abril’ (depois de ser conhecida como ‘Ponte Salazar’) é de facto uma imitação da Ponte de São Francisco. E mesmo o Cristo Rei é uma imitação do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
  Tudo isto pode parecer irrelevante, mas é na verdade bastante preocupante, pois este paradigma de imitação, provavelmente devido à preguiça, por não nos darmos ao trabalho de pensar e criar, juntamente com uma certa falta de criatividade e ainda aliado ao facto de pouco ou nenhum apoio ser concedido aos portugueses criadores e originais – até o arquiteto do Convento de Mafra era estrangeiro – leva-nos a perder a nossa identidade. Consumimos muito mais comida estrangeira que portuguesa - há diversas e demasiadas cadeias alimentares estrangeiras nos centros comerciais - , consumimos muito mais música estrangeira que portuguesa: as nossas rádios transmitem pouquíssimo fado, por exemplo. Enfim, deixamos de ser nós por isso: Criatividade (e aceitação da mesma) precisa-se!

Rafael Gomes,12º A, nº 22

Disciplina de Português, professora Maria José Januário

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