Quem se depara pela
primeira vez com o grande Convento de Mafra fica sem palavras. Eu próprio já me
deparei com a sua maravilhosa fachada umas cinco vezes e fiquei sempre com tal
reacção. É uma visão magnífica do poder do ser Humano. Muitos Homens ali
trabalharam arduamente para conseguir fazer história e acabar a construção
daquela “besta arquitectónica” que devora os olhos de quem a contempla.
O grande trabalho começou no dia 17 de
Novembro de 1717 e a construção empregou mais de 52 mil trabalhadores, tendo
sido terminada oficialmente em 1750, com a morte do rei. Muitos pormenores só
foram acabados nos três reinados seguintes e, quando concluído, este palácio
nem foi a casa dos membros da família real, mas o convento abrigou 330 frades.
O maior tesouro de
Mafra é a biblioteca do convento, que possui 88 metros de comprimento, 36 mil
livros (dando especial destaque a uma raríssima segunda edição da obra: “Os
Lusíadas” de Luís de Camões) e um enorme e valioso pavimento em mármore. Na biblioteca
são libertos morcegos que, durante a noite, se alimentam de traças e outros
pequenos insectos, que possam eventualmente danificar os históricos exemplares
expostos nas prateleiras.
Outro aspecto bastante importante e
interessante do ponto de vista artístico são os seis imponentes órgãos
tubulares funcionais presentes na basílica do convento de Mafra. Estes
instrumentos musicais de alto valor datam do início do século XIX, tendo sido
totalmente reparados em 2010. Também neste convento estão presente os maiores e
melhores carrilhões do mundo inteiro, sendo compostos por dois conjuntos que
alcançam os 92 sinos e um peso bruto total de 200 toneladas.
Concluindo, posso afirmar que
este é um local de grande carácter histórico e um espaço onde qualquer turista
ou cidadão local pode expandir os seus conhecimentos sobre a história da
“ocidental praia lusitana”, ou simplesmente maravilhar-se com uma das sete
maravilhas de Portugal.
Carlos David Esperança,12º A, nº5
“O Convento de Mafra e a falta de
originalidade portuguesa”
O Convento de Mafra é, sem dúvida,
representativo de um importante momento histórico de Portugal, o reinado de D.
João V. Este rei absolutista mandou erguer o palácio-convento, pois prometera fazê-lo
caso a rainha lhe “desse” descendência. No entanto, acabou por simplesmente
plagiar o Palácio de Versalhes, no que toca à parte de palácio, nomeadamente no
aspeto exterior e na magnificência, até porque o referido monarca admirava
bastante Luís XIV; e copiar a basílica de S. Pedro, em Roma, com a igreja que
se construiu no interior do Convento. É caso para dizer: “Pobre Convento de
Mafra!”.
Mais curioso ou até desapontante (e atual) é
o facto de verificarmos constantemente esta falta de originalidade portuguesa.
Viajemos no tempo! Mais tarde, já no século XIX, Eça de Queirós trata esta
questão n’Os Maias’, ou mais concretamente no Episódio da Corrida de Cavalos. A
própria ponte que liga Almada a Lisboa, denominada de ‘Ponte 25 de Abril’
(depois de ser conhecida como ‘Ponte Salazar’) é de facto uma imitação da Ponte
de São Francisco. E mesmo o Cristo Rei é uma imitação do Cristo Redentor, no
Rio de Janeiro.
Tudo isto pode parecer irrelevante, mas é na
verdade bastante preocupante, pois este paradigma de imitação, provavelmente
devido à preguiça, por não nos darmos ao trabalho de pensar e criar, juntamente
com uma certa falta de criatividade e ainda aliado ao facto de pouco ou nenhum
apoio ser concedido aos portugueses criadores e originais – até o arquiteto do
Convento de Mafra era estrangeiro – leva-nos a perder a nossa identidade.
Consumimos muito mais comida estrangeira que portuguesa - há diversas e
demasiadas cadeias alimentares estrangeiras nos centros comerciais - ,
consumimos muito mais música estrangeira que portuguesa: as nossas rádios
transmitem pouquíssimo fado, por exemplo. Enfim, deixamos de ser nós por isso:
Criatividade (e aceitação da mesma) precisa-se!
Rafael Gomes,12º A, nº
22
Disciplina de
Português, professora Maria José Januário
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