sábado, 2 de fevereiro de 2013

Porquê visitar o Palácio Nacional de Mafra?



Após a realização da visita de estudo ao Palácio de Mafra, no âmbito da leitura do romance Memorial do convento de José Saramago, pelos alunos das turmas A, B e C do 12ºano, o instrumento de avaliação proposto pela professora de Português foi a elaboração de um artigo de apreciação crítica. O seleccionado foi o da aluna Ana Beatriz Pina que publicamos.
O Palácio Nacional de Mafra é um monumento com grande valor histórico, símbolo de um reinado marcado pelo luxo e ostentação e representativo do Barroco em Portugal. Mandado construir no reinado absolutista de D. João V, o palácio é uma obra imponente, que requereu o recrutamento de cerca de 52.000 homens para a sua construção, realizada com os melhores materiais disponíveis na altura. O Palácio Nacional de Mafra foi construído com vista a imitar a Basílica de S. Pedro de Roma.


A obra foi iniciada a 17 de Novembro de 1717, tendo sido concluída em 1750, 33 anos depois. A sua inauguração foi feita a 22 de Outubro de 1730, no dia do 41º aniversário do rei, com o convento ainda inacabado. A construção termina não por estar efectivamente acabada, mas sim porque o rei morre – e com ele morre também a concretização plena do seu sonho.
Ao longo da sua existência, o palácio foi ocupado pela família real, esporadicamente, por frades e, mais tarde, por militares.
Uma visita ao Palácio Nacional de Mafra é fundamental porque nos dá uma perspectiva de como era a vida no séc. XVIII, especialmente a da realeza. Por exemplo, os aposentos do rei e da rainha encontravam-se separados por 232 m de distância. Este simples facto, juntamente com o conjunto de rituais que tinham de ser cumpridos – tais como mudar de roupa ou o acto sexual, meramente com fins de procriação – revela a falta de intimidade e privacidade no seio da família real, pelos padrões actuais.
Por outro lado, durante a visita, somos também confrontados com o espírito da época. O estilo Barroco é conhecido pela exuberância e o excesso de ornamentação, bem como pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e teatralidade. Para D. João V era importante que Portugal fosse reconhecido pela sua riqueza e pela excentricidade do seu rei. Neste contexto, mandou encomendar dois imponentes carrilhões, com um total de 92 sinos e com mais de 200 toneladas, numa atitude de esbanjamento de recursos. O importante era o parecer, mais do que o ser.
 O recurso à visita guiada fornece ao visitante informações bastante interessantes e pertinentes acerca da construção do palácio e de quem o habitou, para além de curiosidades, que de outro modo seriam de acesso menos imediato. Por exemplo, fica-se com a ideia da grandiosidade desta obra sabendo que possui 4700 portas e janelas, 25 pátios, 156 escadarias e 1200 salas. O palácio possui ainda uma vasta biblioteca, com cerca de 38000 volumes.
Salienta-se que a visita ao Palácio fica enriquecida após a leitura d’ O Memorial do Convento, visto que este nos confere a perspectiva do autor acerca da construção do convento, enquadrada na sociedade da época.
Assim, o Palácio Nacional de Mafra deve ser um monumento a visitar, não só pela sua beleza e magnificência, mas também pelo que representa o conceito da sua construção para a história de Portugal.

Ana Beatriz Pina

1 comentário:

Élia Martins disse...

Muito bem, Bia.
Gostei de ler.