quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

As drogas legais, nas lojas legais

Na sexta feira passada realizou-se uma palestra na Casa Rural sobre os produtos oferecidos pelas lojas que vendem "drogas" legais. Existe um estabelecimento desse tipo em Almada, deixando-se ver com imposição na rua Capitão Leitão, mas recatando o seu interior com autocolantes e biombos. Nesta organização da Associação de Pais da Anselmo, conversou connosco a psicóloga Sónia Antunes, na perspetiva de abrir uma discussão sobre este novo negócio e dos seus contornos. As smartshops surgiram em Inglaterra por volta de 1990, espalhando-se pouco depois para o continente europeu. Surgindo como ervanárias, lojas de produtos naturais, difundiram-se sob a proteção legal, argumentando que os seus produtos não tinham consequências nefastas para os consumidores, proporcionando-lhes experiências psicotrópicas de vários tipos. Rapidamente se verificou que esse tipo de produtos alterava o estado dito "normal" dos consumidores deixando sequelas difíceis de resolver; a dependência frequentemente se tornava mais rápida. Alguns dos produtos difundidos por essas redes começaram a ser proibidos, mas o negócio utiliza laboratórios que vão alterando a constituição química das substâncias, originando um jogo de apanhada com os legisladores e com o meio médico.


Uma das conclusões que se pode tirar é que estas drogas não são experimentadas antes de serem postas à venda, sendo os consumidores as cobaias para novas combinações de elementos. Por outro lado, como os prudutos são variados e "mutantes", dificultam a assistência médica a quem exagerou no consumo, porque não se consegue fazer o despiste rápido de que substâncias originaram os casos médicos. Existem produtos com capacidade para
provocar alterações permanentes e danos irreversíveis nos consumidores. Por fim, a net e as redes sociais permitem o acesso permanente a esses produtos, na ponta dum clic e dum cartão de crédito.

É um fenómeno típico da sociedade da informação que merece ser considerado e discutido, principalmente porque se plantou debaixo do nariz de toda a gente.

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