quinta-feira, 7 de abril de 2011

Crónica social


Personalidade Capilar

Uma das tarefas básicas para o bem-estar de qualquer ser humano é a higiene. Verdade seja dita, a maioria de nós ao acordar, dirige-se imediatamente à casa de banho, com um sabor pastoso na boca e olhamo-nos ao espelho. Primeira reacção: Estou com um aspecto que mete medo a qualquer um, quero voltar para a cama (comentários à parte). Mas tratando-se de um simples juízo de facto, nós humanos, contrariamo-nos a nós próprios e acabamos no inevitável destino de lavarmos os dentes, a cara, e, para alguns, o banho matinal.

E aqui aparece a questão dos ditos problemas de higiene, pois “muitos de nós não viveriam como muitos de nós” - esta velha expressão remonta aos mais diferenciados tipos de relações. Entre o cheiro a mofo do avozinho contrastado pelo cheiro do suor proveniente do pirralho do neto, até ao perfume para disfarçar cheiros secundários, que ninguém quer saber por parte do professor, ao cheiro característico do aluno que nos faz reflectir “mas onde é que este sujeito anda a passar a noite”, ou o cabelo do professor que foi lambido por uma vaca até às pintinhas brancas de caspa visíveis no casaco preto de cabedal do senhor do metro.

Por isso criou-se o gel de banho e o champô. Lidl corredor 3, Pingo Doce corredor 7, Jumbo corredor 10 e Mini-Preço por uns míseros 0,47 cêntimos champô/gel de banho, corredor 3!!! Olhamos para a o corredor composto por 7 prateleiras e, de cima a baixo, observamos o “paraíso capilar”. Agarramos o mais barato, consequências: irritação alérgica que nos faz escamar o couro cabeludo. Compramos o mais caro: o cabelo moreno começa a ficar tonificado com tom ruivo. Compremos então o intermédio, e observamos: rico em sementes de abacate, garante resultados duradouros e cabelos fortes e brilhantes. Hmm!.. Garanto-lhe que o brilho de um peixe na praça à venda há quatro dias e o cair das folhas das árvores caducas de Outono serão os resultado similares ao do seu cabelo. E nisto tudo gastamos uma pipa de massa em produtos capilares e gel de banho que muitas vezes cheiram mal, fazem alergias e “ninho de ratos”: é uma boa descrição para o resultado final. Patrocinados por modelos lindos que aparecem na praia com os seus belos e longos cabelos a esvoaçarem no ar e os seus corpos definidos a impingirem-nos um “bom champô e gel de banho” mas que não passam de uma conspiração de valores variáveis entre os 0,20 cêntimos e os 10 euros por um boião de champô, com uma composição em nomes que lemos e o árabe começa-nos a ser familiar.

Mas afinal qual é o problema da sociedade actual em tentar agradar aos seus clientes? Um simples champô, a um preço acessível, que cheire bem! Garanto-lhes que o cheiro nauseabundo desapareceria de muitos de nós, que muitas discussões seriam evitadas e as pessoas iriam começar a sentir-se confortáveis em sentarem-se ao lado de um desconhecido. Ou então, não lavam o cabelo e adoptam o estilo rastafari ou skin head. Honestamente venha o diabo e escolha!

Joana Alves, 10º A

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