A notícia não tem nada de extraordinário; "Um cineclube virtual com 200 títulos do cinema clássico, de O Desprezo a Citizen Kane, vai estar disponível em todos os liceus de França, para serem incluídos nas aulas de Literatura ou História ou mesmo para que, em aulas extras, sejam mostrados aos alunos. O plano, com o nome de Cinélycée, [...] deverá entrar em vigor no próximo ano lectivo, em Setembro." (ler aqui toda a notícia)
A Escola Secundária Anselmo de Andrade oferece, há já 4 anos, uma disciplina de opção no Ensino Básico designada Arte e Comunicação, que tem objectivos muito semelhantes aos anunciados pelo Ministério da Cultura francês. Esta disciplina pretende desenvolver os conhecimentos e competências globais dos nossos alunos tanto no campo da leitura e interpretação de imagens como no entendimento e descodificação de diferentes sistemas narrativos, desde a Banda Desenhada ao Cinema.
Arte e Comunicação desenvolve-se ao longo do 7º ano (onde se enfatiza a descodificação de imagens e a análise de personagens-tipo), do 8º ano (analisando as intenções na criação de diferentes sistemas de comunicação, identificando públicos-alvo e processos criativos dirigidos) e, finalmente, no 9º ano (aplicando e explorando as competências adquiridas nos anos anteriores, através do visionamento de filmes seleccionados pelos professores).
Os objectivos desta disciplina são comparáveis aos que Costa Gavras, presidente da Cinemateca de Paris, expõe quando afirma que "Ensinamos literatura, música e teatro na escola. É vital ensinar também cinema (...) porque as imagens têm um papel [fundamental] na nossa sociedade e é muito importante aprender a descodificá-las".
A criação desta disciplina deve-se a um convite expresso da Directora do nosso agrupamento, Maria Margarida Lucena, aos professores do grupo 600, de Artes, que não hesitaram em apresentar a proposta que tem vindo a ser desenvolvida ao longo destes quatro anos com resultados mais do que satisfatórios.
Podemos assim afirmar que a Anselmo se encontra na vanguarda do ensino. Esta experiência mostra como a tão apregoada (e maltratada) autonomia das escolas pode proporcionar situações de franco melhoramento em termos de oferta curricular. Assim haja vontade e gosto em apostar em alternativas pertinentes e estruturadas.
Terminamos este post transcrevendo as palavras do Presidente francês ao jornal britânico The Guardian: "Vivemos numa situação improvável e perigosa, em que a cultura cinematográfica dos nossos alunos parece inversamente proporcional à quantidade - que é imensa - de imagens e vídeos que consomem todos os dias". Bem observado! Nós já estamos a trabalhar no sentido de melhorar a cultura cinematográfica (e não só!) dos nossos alunos.
para mais informação consultar o Blogue Ver Estrelas
RS
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