domingo, 20 de setembro de 2009

Um discurso e um sonho lá mais para o fim


Barack Obama é uma personagem incontornável da política internacional. A forma como se dirige às pessoas tem algo de novo, o seu discurso é uma lufada de ar fresco no habitual cinzentismo ideológico, tão característico dos políticos mais poderosos, mestres em falar muito sem dizer, praticamente, nada de substancial.

O JA'' transcreve uma longa citação a um discurso de Barack Obama feita por Santana Castilho no Público da passada quarta-feira, dia 16 de Setembro. Trata-se de um discurso do Presidente norte-americano aos estudantes de um escola algures nos Estados Unidos. Diz assim:

"... Já fiz muitos discursos sobre Educação e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos porfessores vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais vos manterem no bom caminho, de se assegurarem que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia em frente à televisão ou a jogarem playstation. Falei da responsabilidade do vosso governo de manter padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem. No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão que fazer se quiserem ter sucesso. E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vós pela sua própria educação. Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona. Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores, suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais. Mas se não fizerem os trabalhos de Inglês nunca virão a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores, quem sabe, capazes de criarem o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina. Mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal. Mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo. No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem abandonar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar e aprender para isso. E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir, nada mais, nada menos, que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora, vai decidir se, enquanto país, estaremos à altura dos desafios do futuro..."

Num momento em que ainda estamos longe de imaginar quem irá ser o próximo Primeiro-ministro (ou ministra) de Portugal e ainda mais longe de imaginar quem será o próximo ministro (ou ministra) da educação, não será demais sonhar com alguém capaz de compreender o essencial desta mensagem que nos chega do outro lado do Atlântico, alguém capaz de ultrapassar o habitual jogo de espelhos de feira que é a política educativa no nosso país. Ou será que ter esta esperança é sonhar demasiado alto?
RS

2 comentários:

Cristina Loureiro dos Santos disse...

É talvez um dos discursos mais incrivelmente fortes que eu li. Na minha opinião deveria ser lido em todas as escolas portuguesas, por manifesta ausência de inspiração dos nossos responsáveis.

Poderia o autor do blog destacar determinada parte do texto? ;)

Parabéns pelo artigo tão oportuno!

Silvares disse...

E é apenas uma pequena parte. O discurso, na sua totalidade, é mesmo muito extenso mas merece uma leitura cuidada.
Quanto ao destaque... não estou a ver. Por mim punha tudo em BOLD para se ler melhor!