quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Onde pára o Magalhães?


As notícias mais recentes sobre o estado actual do programa e-escolinhas que tem como prato forte o computador Magalhães são pouco esclarecedoras.

Se, por um lado, é inegável que o Plano Tecnológico é importantíssimo para actualizar a educação e as práticas pedagógicas num país atávicamente atrasado como é o nosso, importa notar que o processo de implementação do dito Plano tem sido muito atribulado. De atribulação em atribulação, chegamos ao momento actual em que a coisa parece estar congelada.
A 22 de Junho (ver aqui) o site do Plano Tecnológico da Educação (PTE) anunciava que já tinham sido entregues 370 000 computadores Magalhães, que 3000 se encontravam em "trânsito" tendo já sido pagos pelos encarregados de educação e que 31.600 alunos inscritos no programa não haviam sido satisfeitos por incorrecções burocráticas ou falta de pagamento. Refere-se ainda que 50000 alunos preferiram aguardar pelo início do presente ano lectivo com uma justificação um pouco estranha.

Estes 50000 alunos juntam-se a todos os que, de momento, não sabem onde pára o Magalhães. Mais, ninguém compreende muito bem se a atribuição destes computadores nos moldes em que foi feita no ano passado é para manter ou para deitar fora. Segundo o jornal Público, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues diz que "não há qualquer suspensão nem atraso" no e-escolinha, enquanto o seu secretário de estado (a notícia não especifica qual) terá dito antes da ministra que tudo dependerá do próximo Governo que "terá todas as condições para dar seguimento ao programa".

Há quem vislumbre nesta aparente contradição uma tentativa de "apertão" aos eleitores em vésperas de votação para a Assembleia Legislativa. Mas, para aliviar os mais incomodados, o PSD já fez saber pela voz de Pedro Duarte que, caso venha a ser chamado para formar governo, dará continuidade ao programa. Ou seja, o programa está apenas entre o engasgado e o congelado e, vença quem vencer as eleições de Domingo, será reactivado. Podem descansar as crianças, podem descansar os encarregados de educação que o Magalhães haverá de reaparecer por aí. Tudo isto não passa de uma confusão perfeitamente compreensível em que os interesses dos cidadãos e uma normal abertura do ano lectivo são o que menos importa perante os superiores interesses dos governantes.

Como de costume.


Rui Silvares
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2 comentários:

Élia Martins disse...

Claro que há razões que a razão desconhece!

Silvares disse...

Olha, parece que o Magalhães vai regressar vindo lá detrás do nevoeiro...