A notícia veio na 1ª página do Público e também podemos encontrá-la na edição online deste jornal em posição de destaque (aqui): Escola premiada pela Microsoft fechou.
Uma pessoa dá com aquele título e imediatamente o relaciona com a vaga de encerramentos de escolas que transfigurou por completo o panorama educativo no interior do nosso país.
Ficamos a saber que a EB1 de Várzea de Abrunhais, Lamego, fora escolhida pela ultra-poderosa Microsoft para fazer parte da rede mundial de escolas inovadoras e que acabou de ser encerrada e os seus 32 alunos (certas fontes referem apenas 16 alunos, outras falam em 23...) recolocados num centro escolar sem telefone nem internet. Parece impossível!!! Parece? (ver aqui vídeo em tom apologético sobre a qualidade e excelência do trabalho desenvolvido na Várzea de Abrunhais)
Uma pesquisa no Google permite-nos compreender um pouco melhor a dimensão do gesto ministerial ao fechar as portas desta escola (ler aqui artigo da Visão publicado em Fevereiro deste ano). A reportagem da RTP (ver aqui) sobre o exemplo desta escola portuguesa para o resto do mundo sublinhava bem o papel do programa do computador Magalhães no avanço tecnológico e na qualidade do ensino nas nossas escolas.
Os elogios choveram de todos os lados, Várzea de Abrunhais sonhou que estaria, definitivamente, no mapa-mundo. Enganou-se quem acreditou que a qualidade do trabalho desenvolvido poderá alguma vez impedir a cegueira burocrática de cortar a direito, naquele seu jeitinho habitual.
O encerramento da escola estava há muito decidido (ver aqui) tendo o ministério da educação prometido que «com os alunos, será também transferido o seu projecto educativo de utilização das novas tecnologias, que mereceu um prémio da Microsoft, alargando-se assim às duas centenas de alunos da nova escola». A fazer fé na badalada notícia do Público «os 32 alunos da EB1 de Várzea de Abrunhais - que dispunham de wireless e em cujas aulas os Magalhães trabalhavam conectados com o quadro interactivo - foram transferidos para um centro escolar onde não há telefone nem Internet.»
Das duas uma: ou a notícia do Público é falsa e ainda haverá um desmentido oficial, ou é verdadeira e o ministério da educação terá feito o trabalho do costume. Com tanto tempo para preparar a transição dos alunos, parece impossível que os tenham enviado para uma escola com recursos educativos desadequados ao projecto que tantos elogios mereceu e tanto entusiasmo despertou no país e... no ministério da educação. Um caso exemplar?
Entretanto, consta que na Várzea de Abrunhais o dia continua a ter 24 horas.
RS
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